O que o Noom sabe sobre você?

Emma McGowan 7 nov 2022

Nesta semana, a série “O que a internet sabe sobre mim?” investiga as questões de privacidade envolvendo o aplicativo de emagrecimento Noom.

Se nos últimos tempos você já planejou iniciar uma dieta — ou se ouviu algum podcast ou segue perfis fitness no Instagram — então há uma boa chance de já ter ouvido falar sobre o Noom*. Esse é o razoavelmente novo programa de emagrecimento que foca menos na contagem de calorias e mais em aspectos psicológicos de uma vida saudável. A iniciativa é focada na educação dos usuários para que aprendam a escolher melhor seus alimentos e a se exercitarem mais, o que parece muito bom.

Pessoalmente, ainda não experimentei o Noon, mas sempre tive curiosidade. Então, decidi conduzir as coisas um pouquinho diferente. Ao invés de analisar um serviço que uso e já tem muitas informações sobre mim, analisarei um que estou pensando em usar antes de assinar. Estou tendo uma postura proativa no que se refere à minha privacidade. É assim que as coisas devem ser, não?

O que o Noom rastreia

O Noom rastreia três categorias de dados principais: informações pessoais, de saúde e relacionadas ao dispositivo/site. 

Informações pessoais

  • Nome e sobrenome
  • Perfil pessoal
  • Endereço de e-mail
  • Endereço residencial
  • Número de telefone
  • Nome de usuário
  • Senha

Informações de saúde

  • Altura
  • Peso
  • Pressão sanguínea (se providenciada)
  • Nível de glicose no sangue (se providenciado)
  • Dados biométricos
  • Condição física
  • Alimentos ingeridos 
  • Exercícios (pelo aplicativo Health ou de terceiros)
  • Calorias ingeridas

Informações do dispositivo/site

  • Endereço IP
  • Navegador
  • Sistema operacional
  • Hardware
  • Informações da rede móvel
  • URL que recomendou um usuário ao Noom
  • Sites/áreas visitadas no aplicativo ou site
  • Localização do dispositivo
  • Cookies
  • Acessos de terceiros

O que o Noon faz com esses dados?

A principal coisa que o Noon faz com esses dados todos é ajudar seus usuários a perderem peso. Isso é obvio, certo? O serviço depende de todas as informações fornecidas para analisar as escolhas de alimentação de cada um, o processo de emagrecimento e os objetivos de saúde do usuário. 

Mas assim como muitas empresas que já analisamos na série, o Noom utiliza esses dados também para outros propósitos. Infelizmente, a política de privacidade da empresa é densa e cheia de juridiquês e afirmações que parecem contraditórias. Ou, no mínimo, parecem escritas para confundir o usuário comum.

Por exemplo, a empresa diz que “não divulgará nenhuma informação de seus usuários coletadas no site, aplicativo e serviços do Noom”, mas logo após essa informação, ela diz: “exceto como definido nesta política de privacidade, o Noon não compartilha informações pessoais dos usuários para ser utilizada com o propósito de marketing direto de terceiros”. 

Na minha opinião, essas duas sentenças fazem o usuário acreditar que seus dados não serão utilizados para fins de marketing, só que não é bem assim. Enquanto nos aprofundamos na política de privacidade da empresa, encontramos essa sentença: “Podemos usar uma empresa terceirizada respeitável para apresentar ou enviar anúncios que você pode ver em Serviço”. O texto também diz que a empresa pode compartilhar informações pessoais, como medidas de desempenho, e que eles podem compartilhar informações mediante uma exigência legal.

Para terminar, a política de privacidade do Noon diz: “o Noon pode, periodicamente, oferecer as informações coletadas dos usuários no site Noon, aplicativo móvel e serviços com registros externos de terceiros para diferentes propósitos, como melhorar a capacidade do Noon em servir seus usuários, oferecer conteúdo sob medida aos usuários e oferecer oportunidades que possam ser do interesse dos usuários”. Isso quer dizer que eles podem trocar informações com agregadores de dados para enviar mais anúncios dirigidos a cada usuário.

O que o usuário recebe em troca por seus dados? Quais são as vantagens? 

Como retorno por seus dados (e US$ 59 por mês ou US$ 199 por ano), os usuários ganham acesso a ferramentas de rastreamento de refeições, contagem de calorias, dicas sobre vida saudável e “treinadores” personalizados para ajudá-los a alcançar seus objetivos de saúde. 

Será que vale a pena? Talvez para algumas pessoas sim. Mas com essa política de privacidade obscura, que por sinal não foi atualizada desde 2018, além do fato de cobrarem os usuários e ainda usarem seus dados pessoais em anúncios, prefiro não me arriscar. Prefiro continuar com o MyFitnessPa e o Fitbit para me ajudarem a atingir minhas metas de saúde do que entregar mais dados a outra empresa.

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