São Paulo: a cidade do futuro, mas não tão segura online

Andre Munhoz Pinto 26 abr 2016

São Paulo, tecnologia, futuro, segurança

Pesquisa mundial aponta a Terra da Garoa no 40° lugar no ranking de cidades em desenvolvimento tecnológico, mas em termos de segurança cibernética...

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São Paulo, uma das cidades do mundo mais bem preparadas para a evolução tecnológica, segundo a Dell

Acaba de ser divulgado pela Dell um ranking com as 50 metrópoles mais preparadas para o desenvolvimento tecnológico no futuro e a cidade de São Paulo ficou na posição de número 40, a melhor entre suas concorrentes na América Latina, sendo que Buenos Aires ficou logo atrás na 41ª posição, seguida pela Cidade do México na 50ª.

De acordo com o estudo, estas cidades possuem uma capacidade maior de lidar com o desenvolvimento tecnológico no futuro. Você pode ler mais detalhes sobre esta pesquisa no artigo do jornalista Ethevaldo Siqueira.

Pronta para a revolução tecnológica, mas nem tanto

Não há dúvidas do potencial humano e econômico de São Paulo em realmente vir a se tornar uma potência mundial em tecnologia, entretanto, é preciso lembrar que muitas outras coisas precisam melhorar na capital paulista, entre elas, a segurança cibernética, um dos principais pilares para o desenvolvimento.

Peritos de segurança da Avast estiveram em fevereiro de 2015 nos Estados Unidos, Brasil, Alemanha e em vários países da Ásia para observar o uso da Wi-Fi pública em dez grandes áreas metropolitanas e eles constataram que de 10 cidades pesquisadas no mundo, São Paulo fica em 6° lugar no quesito “criptografia fraca”. Embora a maioria dos pontos de acesso Wi-Fi gratuito observados em São Paulo estão protegidos por alguma forma de criptografia, em grande parte dos casos esses métodos são fracos, vulneráveis e podem ser facilmente quebrados.

Na lista abaixo você vê o percentual de criptografia fraca nas 10 cidades do mundo que a Avast visitou:

1) Seul: 70,1%

2) Taipei: 70,0%

3) Hong Kong: 68,5%

4) Londres: 54,5%

5) Nova York: 54,4%

6) São Paulo: 49,0%

7) Chicago: 45,9%

8) Barcelona: 39,5%

9) Berlim: 35,1%

10) San Francisco: 30,1%

Como pode ser visto, San Francisco, nos Estados Unidos, que também está cotada em 2° lugar no ranking da Dell como uma das cidades mais bem preparadas para a evolução tecnológica, tem o menor percentual de Wi-Fi pública com criptografia fraca, ou seja, é uma das cidades mais seguras para se usar Wi-Fi pública/aberta no mundo. Enquanto isso, Seul (12ª colocada no ranking da Dell), é a cidade mais vulnerável no levantamento da Avast com mais de 70% de pontos vulneráveis.

Redes Wi-Fi Desprotegidas

O estudo da Avast descobriu que em todo o mundo é fácil encontrar redes Wi-Fi abertas que não necessitam de senha. O percentual de redes Wi-Fi abertas por cidade é:

1) Taipei: 43,6%

2) Hong Kong: 42,9%

3) Seul: 40,4%

4) Chicago: 39,0%

5) Londres: 33,3%

6) Nova York: 33,1%

7) São Paulo: 27,0%

8) Berlim: 26,3%

9) São Francisco: 24,9%

10) Barcelona: 24,3%

O uso de Wi-Fi pública sem uma conexão de Internet protegida torna as informações pessoais dos usuários vulneráveis ​​a cibercriminosos, portanto, o uso de aplicativos que criptografam dados, como o VPN, são essenciais quando se usa Wi-Fi em shopping centers, restaurantes, estádios de futebol etc., no Brasil e em qualquer lugar do mundo.

Local dos testes

Na capital paulista, as áreas avaliadas pela equipe da Avast contam com Wi-Fi aberta em hotéis, restaurantes, prédios comerciais, cafés, museus, estações de Metrô e situam-se nas avenidas Eng. Luiz Carlos Berrini e Paulista. Os principais resultados dessa monitoração referem-se a:

  • 27% dos hotspots Wi-Fi em São Paulo são abertos
  • 49% dos roteadores criptografados de São Paulo têm criptografia fraca
  • 34% do tráfego Web em São Paulo está sendo executado em sites HTTP não criptografados. A Avast foi capaz de monitorar os domínios visitados, os vídeos assistidos e ver alguns e-mails enviados. 

Os perigos da navegação HTTP

A Avast descobriu que uma grande parcela de usuários de smartphones e tablets navegam primariamente em sites HTTP inseguros. Quase que metade do tráfego na Ásia ocorre em sites HTTP desprotegidos, enquanto que este comportamento é visto somente em um terço dos usuários norte americanos e um quarto dos europeus.

Devido ao fato de que o tráfego HTTP é desprotegido, a equipe Avast conseguiu ver todas as atividades de navegação dos usuários, incluindo domínio e históricos de páginas, buscas, informação pessoal de login, vídeos, e-mails, posts e comentários. Alguns websites de compra, buscas e pesquisas não usam o módulo HTTPS padrão a não ser que o usuário faça o login. Em todas as cidades, Avast conseguiu ver exemplos de usuários acessando sites de hospitais, páginas de seguros, bancos e vídeos de conteúdo adulto – tudo em redes públicas de Wi-Fi.

Situação grave também em âmbito nacional

Além disso, a Avast realizou uma pesquisa direta com mais de 23 mil brasileiros e constatou que os consumidores preferem utilizar redes Wi-Fi públicas gratuitas, muitas das quais não necessitam de registro ou senha, exatamente como descrito nos casos acima, para evitar gastos com suas cotas de dados junto a operadoras de telefonia ou simplesmente por conveniência. Além disso, 55% dos pesquisados nunca ou só às vezes desligam seus transmissores de Wi-Fi e ainda permitem que seus celulares ou tablets se conectem automaticamente a redes públicas de Wi-Fi, deixando uma grande janela para hackers acessarem facilmente informações pessoais.

 A pesquisa aponta ainda que apenas 7% dos brasileiros usam uma rede virtual privada (VPN, em inglês) para proteger seus dispositivos móveis, quando conectados a uma rede pública. No geral, oito em cada dez pesquisados acessam redes públicas mensalmente, e quase metade de todos os usuários se conecta diariamente ou várias vezes por semana (48%).

 "Com a popularização do armazenamento em nuvem e a crescente busca por acesso Wi-Fi, as redes abertas que não necessitam de senhas tornam-se um grande risco para consumidores desprotegidos", afirma Vince Steckler, CEO da Avast. "A maioria dos brasileiros não percebe que todas as informações pessoais em seus dispositivos móveis ficam indefesas em redes Wi-Fi públicas, se usadas sem proteção. Estas redes facilitam o acesso para ataques de hackers a milhões de consumidores brasileiros diariamente”, completa. 

A pesquisa também apontou que, quando conectados a uma rede Wi-Fi aberta, 28% dos entrevistados preocupam-se em ter informações de login (nomes de usuário e senhas) roubadas. Quase um quinto deles se preocupa com ataques a suas fotos privadas, conteúdo de salas de bate-papo e e-mails pessoais (17%). Apenas 26% estão preocupados em ter suas informações financeiras roubadas e somente 13% temem que e-mails e documentos relacionados ao trabalho sejam acessados por um terceiro. Por outro lado, 16% dos pesquisados afirmaram "que não têm nada a esconder". 

Agora queremos saber a sua opinião. Diga-nos como você utiliza Wi-Fi pública no dia a dia e se concorda com a Dell que posicionou São Paulo no Top 40 das cidades mais bem preparadas para o futuro tecnológico.

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